quinta-feira, 3 de maio de 2012

Minha Namorada
Vinicius de Moraes

Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo de morrer
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você

Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois

segunda-feira, 23 de abril de 2012

"Nos outros, todo mundo sabe, 
o coração tem moradia certa
fica bem ali no meio do peito,
 mas comigo a anatomia ficou louca, 
porque eu sou todo coração."



Maiakovski

domingo, 1 de abril de 2012

Sobre amores perdidos

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de março de 2012

A poesia prometida: de Florbela Espanca - Amar

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca

Existem amores, realmente, imprescindíveis?

Bem, ao ler uma poesia de Florbela Espanca e após algumas conversas entre amigos me deparei com a seguinte questão: Há algum amor realmente indispensável ou imprescindível às nossas vidas, ou sempre é possível esquecer alguém e encontrar um outro amor tão importante quanto ou mais importante que o antigo?.
Há quem diga que os homens não sofrem muito à perda de um amor, à perda de uma mulher com quem tenha se relacionado, ao passo que as mulheres passam meses e até anos pensando no amor perdido. Há aqueles que se relacionam sempre, com várias pessoas diferentes, mas que nunca esquecem um amor antigo (afirmando que este foi único na sua vida) e há aqueles que cada novo amor parece ser o único, o verdadeiro, ou mais importante.
Enquanto alguns estão sempre "correndo atrás" da mesma pessoa, com rompimentos e voltas intermináveis por acreditar que aquela pessoa é absolutamente imprescindível, outros simplesmente não conseguem ficar atrelados a uma só pessoa por muito tempo. E ampliando a questão: há os que não conseguem esquecer facilmente e aqueles que não conseguem ficar por muito tempo lamentando o amor perdido!!! Qual o melhor jeito de viver, de sentir? Qual deles gera menos sofrimento? mas devemos mesmo viver buscando tornar o sofrimento o menor? a questão fica aberta a discussões... e envio a poesia de Florbela Espanca para uma melhor reflexão...

segunda-feira, 26 de março de 2012

Sobre amores frustrados...

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade